Deixei de fumar!
Quando leres isto, já terei deixado de fumar há quase três anos. Comecei a fumar quando tinha 15 anos e continuei durante cerca de 17 anos. Depois, parei. Fiquei longe do tabaco durante dez anos, voltei a fumar e, novamente, parei. Como disse, já passaram três anos. Confesso ser um viciado em tabaco. Simplesmente, já não fumo, nem voltarei a fumar.
O que eu realmente apreciava eram charutos panatela, aqueles longos e esguios com invólucro verde. Mmmmmmm, o charuto depois do jantar costumava ser o ponto alto do meu dia.
O teste da Montanha Ryan reforçou a minha determinação de nunca mais voltar a fumar. A Montanha Ryan é um monte de granito no meio do Deserto de Mojave. Antes da minha primeira abstinência de dez anos, costumava subir a Montanha Ryan, ofegante, a chiar, a bufar e a suar pelo trilho estreito, íngreme e rochoso até ao topo. A vista de lá abrangia quase todo o meu mundo — as Montanhas San Jacinto, as Montanhas San Bernardino, as Santa Rosas, o Mar Salton e o vasto e lindo deserto.
Depois de ter deixado de fumar pela primeira vez, subi a Montanha Ryan novamente, mas desta vez sem ofegar, chiar ou bufar tanto. Cerca de cinco anos depois de ter parado, subi a Montanha Ryan mais uma vez, respirando com facilidade durante a maior parte do caminho e com um ritmo cardíaco só ligeiramente acima do normal.
No final dessa década sem fumar, o vício apanhou-me novamente — e com força. Vislumbrei uma caixa de longos e esguios panatelas verdes numa vitrine de vidro. Não consegui resistir. "Dá-me um desses", disse ao funcionário. Acendi-o, inspirei o fumo pungente e delicioso, inalei um pouco e pensei comigo: "Ahhhhhhhh, tal como me lembrava. Um ou dois charutos por dia não me vão fazer mal." Para encurtar esta história, em menos de duas semanas estava de volta a fumar um maço e meio de mentolados por dia.
Durante esse período, tive ocasião de subir a Montanha Ryan. Lá estava eu, a ofegar e a bufar novamente e a chiar pior do que nunca. O meu ritmo cardíaco estava realmente elevado. Via manchas e precisava de descansar com frequência — descansar e fumar um cigarro.
Enquanto estava sentado a meio da Montanha Ryan, a lutar por ar e a fumar um cigarro sem filtro (com estes factos a girar na minha cabeça), resolvi naquele instante deixar de fumar mais uma vez — desta vez, para sempre.
Quase consegui uma vez: estive seis semanas sem fumar, mas o vício venceu-me. Depois, comecei a trabalhar na McMullen Publishing, Inc., e na Survival Guide. Este lugar tem uma regra de proibição de fumar no edifício. Pensei: "Óptimo! Agora tenho um incentivo para parar de fumar."
A minha mulher, Sally, teve de permanecer na sua cidade por algumas semanas enquanto eu começava o emprego aqui. Isso deu-me tempo e espaço longe da rotina partilhada para fazer o que fosse necessário para parar. Na véspera de Ano Novo de 1981, o dia antes de começar este cargo, deixei de fumar. Fumei o meu último cigarro pouco antes da meia-noite, vi a chegada do ano de 1982 e fui para casa enfrentar o desafio.
Não vou aborrecer-te com os gritos de incentivo que fiz a mim próprio, ou com as tentativas de meditação transcendental, Zen, Yoga, auto-hipnose, orações, murros na parede, etc. Fiz isso tudo. Consegui. Deixei de fumar.
Como poderia eu professar ser um sobrevivencialista e agir de outra forma?
Durante o dia, o trabalho mantinha-me ocupado. Não podia fumar no edifício, então evitava sair. As noites, sozinho em casa, foram as piores.
E, recentemente, subi novamente a Montanha Ryan. O meu joelho lesionado incomodou-me mais do que o coração ou os pulmões.
O ponto fulcral deste texto é claro: fumar e os seus efeitos prejudiciais para a saúde humana são incompatíveis com os princípios da prontidão. Não se pode prejudicar o próprio corpo dia após dia e, ao mesmo tempo, afirmar ser um sobrevivencialista.
Assim, peço-te, de amigo para amigo, de sobrevivencialista para sobrevivencialista: pela tua saúde, pela tua vida, se fumas, pára; e, se nunca fumaste, não comeces!
Para além do perigo imediato para a saúde, há o factor de dano permanente, a destruição irreparável dos tecidos cardíacos e pulmonares, e a redução permanente da acuidade cerebral e visual, que comprometerão o teu corpo em situações críticas de sobrevivência. Não fumar é faz, sem dúvida, parte de estar preparado para sobreviver.
A maior parte dos leitores nunca subirá a Montanha Ryan ou sequer a encontrará num mapa. Acredita, ela está lá. É o meu teste. Recomendo aos fumadores que façam um "Teste da Montanha Ryan" — num local à sua escolha — antes e depois de deixarem de fumar. Comparem os resultados com os meus. Estou convencido de que dirão: "Ainda bem que parei." E eu acrescentarei: "Eu também."
Dave Epperson
© American Survival Guide, Volume 7, Nº 3, Março de 1985.
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