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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Sobre o sismo de Fevereiro de 2025


1- No geral, e apesar dos desenvolvimentos recentes, a atividade sísmica no mediterrâneo assim como em Portugal encontra-se dentro da normalidade. 

2- No caso particular de Santorini, trata-se de uma das zonas do mundo com maior ocorrência de sismos. Isto ocorre porque nesta zona existe uma zona de subducção, ou seja, uma fronteira de placas em que uma das placas mergulha sobre a outra dando origem a sismos frequentes assim como vulcanismo.

3-  Não foi ainda registado nenhum aumento da atividade vulcânica nem interpretados os sismos recentes como sendo de origem vulcânica (é possível estudar as ondas sísmicas e perceber se são puramente tectónicos ou se estão associados a atividade vulcânica). Neste caso “As autoridades gregas afirmam que os recentes sismos a abalar Santorini estão relacionados com o movimentos das placas tectónicas e não com a atividade vulcânica.”

4 - A atividade sísmica na nossa região segue um padrão normal como se pode ver na imagem do IPMA em anexo. As fontes sismogénicas mais ativas estão marcadas a verde. O sismo de hoje estará associado à zona da Península de Setúbal e vale do Tejo onde estão identificadas e estudadas várias falhas ativas, e onde estará a origem do sismo de hoje sentido em Lisboa. Por ex. a zona a Sul da Arrábida (Falha da Arrábida) historicamente apresenta centenas de epicentros registados. Outros acidentes tectónicos identificados na mesma zona são a Falha do Vale do Tejo (que se crê ter sido reativada durante o sismo de 1755 dando origem a uma sismo ainda mais destruidor) e a Falha do Pinhal Novo, por exemplo.

Não há evidência de qualquer relação entre o enxame sísmico de Santorini e o sismo sentido hoje em Lisboa.

5 - Não é possível prever quando haverá um sismo de grandes dimensões a afetar o nosso território, no entanto face à nossa localização no contexto geodinâmico, assim como a sismicidade histórica com potencial destruidor registada, devemos preparar-nos para um sismo com elevado potencial destruidor que afete as infraestruturas, que provoque o soterramento de pessoas, e que obrigue a deslocação das populações das zonas afetadas para posterior realojamento em zonas seguras.

Apesar dos alertas às populações para a preparação de “mochilas de emergência” , na realidade muito fica por fazer por parte dos decisores políticos tendo em vista a proteção dos civis em caso de catástrofe natural. 

Por exemplo: 

Onde estão os grupos locais de voluntários da proteção civil,  com instrução básica de primeiros socorros, suporte básico de vida, assim como com conhecimento sobre o plano municipal de emergência que possam numa primeira instância atuar, assim como à posteriori apoiar os grupos de socorro em tarefas de segundo plano? 

Onde estão as informações sobre vias de fuga e os alertas de tsunami (que já existem noutros concelhos) do nosso sobrelotado litoral em boa parte do ano?

Está o  nosso ordenamento do território pensado para diminuir a vulnerabilidade das zonas urbanas em relação a um abalo sísmico com elevada gravidade?

Rui de Sousa Farrobeira

Rui Farrobeira é instrutor de bushcraft e sobrevivência, anima o canal Artes do Mato no Youtube, podem também segui-lo no Facebook.