Filosofia da sobrevivência, entrevista com Ragnar Benson
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O autor sobrevivencialista Ragnar Benson passou recentemente pelo Aeroporto Internacional de Stapleton para esta entrevista. Sabido no que diz respeito às realidades do mundo, tanto graças ao seu historial de rapaz de quinta como às suas andanças internacionais, Benson destaca-se pelas suas ideias práticas - embora extraordinárias - no que à autossuficiência diz respeito. As respostas que aqui nos deu representam algumas das filosofias que encontramos no seu livro mais recente, Refúgio de Sobrevivência.
Na sua opinião, porque é que as pessoas se tornam sobrevivencialistas?
As pessoas investem o seu tempo e o seu dinheiro no sobrevivencialismo por terem uma preocupação genuína quanto ao seu futuro. Sentem que o equipamento que compram, o conhecimento que adquirem e os mantimentos que armazenam lhes dão uma espécie de garantia no que diz respeito ao futuro, uma habilidade para reagirem de modo positivo ao que poderia de outro modo parecer uma situação desesperante.
Escreve no Refúgio de Sobrevivência que devemos "praticar a arte do possível". O que quer dizer com isto?
Não é qualquer pessoa em qualquer situação que conseguirá organizar um refúgio. Pessoas muito pobres e pessoas que tenham outras prioridades na verdade não podem despender muito tempo nem muito dinheiro para preparar um refúgio. O que sugiro é que qualquer pessoa consiga formular uma filosofia de refúgio que tenha por base aquilo que realmente já tem ou conseguirá obter sem grande esforço. Há que compreender que ninguém consegue escrever uma fórmula concisa, detalhada, que se possa aplicar à situação de cada pessoa. Alguém que viva no centro de Denver terá necessidade de um refúgio diferente de alguém que viva nas montanhas do Montana. Uma pessoa tem de determinar quais são as suas mais-valias e depois, de modo muito esperto e ambicioso, planificar aplicá-las do modo que lhe for mais vantajoso.
Escreve também que os sobrevivencialistas são pessoas que já analisaram os imprevistos mais prováveis e se preparam para os mesmos. Quantas pessoas julga que fazem mesmo isso?
Estou em crer que um bom número de pessoas já avaliaram as probabilidades; o grupo dos anti-nuclear por exemplo, acham que há uma grande probabilidade de ocorrer uma guerra nuclear. Muitos sobrevivencialistas pensam o mesmo. Mas o movimento anti-nuclear deposita demasiada fé no governo. Parece-me ser em boa parte uma idiotice ter demasiada fé no nosso próprio governo, e ainda mais julgar que os soviéticos se irão desarmar ou aceitar qualquer outra desvantagem militar. Mas voltando à sua pergunta, creio que poucas pessoas se estarão a preparar a sério.
E quanto aos outros - os que não se preparam? Vamos apodá-los de quê?
A etiqueta que tento aplicar-lhes é a de "preguiçosos". Muitos deles ficam satisfeitos em sentar-se a ver televisão, o que é extremamente passivo. Talvez "passivos" seja uma etiqueta mais adequada. Acredito que os sobrevivencialistas participam no seu próprio futuro. Os restantes não têm lá grande interesse em preparar-se ou podem, na realidade, já ter desistido e acreditar que não têm qualquer futuro. Na verdade não tenho qualquer problema com essas pessoas. Não vou subir a um caixote e discursar que a sua filosofia [de vida] está errada. Opero com base na perspectiva de que tudo sempre teve a ver com a sobrevivência dos mais aptos e de que os mais aptos são aqueles que se preparam e tentam concretizar os seus objectivos com entusiasmo. Por definição, os sobrevivencialistas serão sempre os mais aptos.
Porque quer viver durante e depois de uma crise?
Suponho que tenho uma grande sede de vida [...].
Publicado originalmente em 1983 na Paladin Press Magazine, esta tradução foi efectuada por Flávio Gonçalves e deixou de fora algumas perguntas que não conseguimos obter. Caso nos queira auxiliar a traduzir e produzir mais conteúdos, por favor consulte o nosso Patreon. Esta tradução pode ser livremente reproduzida desde que incluam uma menção à prontidaoesobrevivencia.com e não omitam o nome do tradutor.